O Papel da Atividade Física na Prevenção, Tratamento e Sobrevida do Câncer – I

           “Prevenção em saúde pública é a ciência e a arte de evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física, mental e a eficiência”

DE PAULA, C. I.; BRAGA, R.T. Prevenção do câncer. Rio de Janeiro: Revinter, p.46, 1997

Quando uma pessoa recebe um diagnóstico de câncer, muitas coisas passam pela cabeça dela, em geral a atividade física não costuma ser uma delas.

Você sabia que a atividade física pode contribuir não só para prevenção do câncer, bem como minimizando efeitos colaterais do tratamento e inclusive reduzindo a possibilidade de recidivas?

Nesta série de textos vamos abordar as inúmeras relações entre a prática de atividade física, a prevenção e as diversas fases de um tratamento oncológico.

Se interessou? Então venha conosco nessa abordagem ampla sobre a atividade física e o câncer, abrangendo os estudos, as etapas, o cenário nacional e internacional sobre o assunto bem como dicas e sugestões de leitura relacionadas ao tema.

Nessa primeira parte iremos abordar a prevenção e como a atividade física pode exercer um papel importante.

A prevenção do câncer tem por principal objetivo a redução da incidência da doença e sua taxa de mortalidade. A finalidade é informar e orientar a população para reduzir a exposição aos fatores de risco ao mínimo.

           Existem quatro níveis de prevenção:

  • Primária: eliminar ou reduzir a exposição aos fatores de risco conhecidos;
  • Secundária: diagnóstico precoce e tratamento simplificado. Baixo custo, lesões pré-cancerosas ou tumores em fases iniciais;
  • Terciária: tratamento especializado (fase durante o tratamento);
  • Quaternária: Reabilitação e recuperação (também considerado como fase pós-tratamento);

Nesse momento, iremos nos ater aos níveis primário e secundário.

Muitos dos estudos relevantes nesta área sugerem que o sedentarismo (nenhuma ou baixa atividade física) é fator determinante para o surgimento de alguns tipos de câncer. Dados epidemiológicos mostram uma redução significativa da mortalidade em pacientes praticantes de qualquer tipo de atividade física.

Mas e na prática, o que a atividade física é capaz de fazer no organismo a ponto de prevenir de alguma forma o câncer?

Os mecanismos de prevenção são diversos. Incluem a inibição da oxidação do DNA, com aumento do gasto de energia, impossibilitando o processo de iniciação da neoplasia (termo médico para definir um tumor maligno). Mais além, esse mecanismo reduz a propagação da doença através da regulação hormonal, como a inibição da secreção de insulina, que, em grandes quantidades, é um promotor de tumores.

Você já percebeu que quando inicia uma atividade física tende a ficar mais doente?

Pois então, isso pode ser benéfico se levarmos em consideração que, quando nos exercitamos, liberamos mais radicais livres, gerando uma espécie de “ativação” do sistema imunológico, que gera um aprimoramento desse mecanismo, o que mais a frente será um ponto a mais, tanto ao evitar o surgimento do câncer como para combatê-lo de forma mais eficaz se necessário.

A importância da atividade física na prevenção tem sido amplamente discutida no cenário mundial. O crescimento dos estudos nessa área reporta as últimas duas décadas. Apesar de ensaios clínicos terem sido publicados por volta da década de 1990, somente após 2005 que a área teve seu “boom”. Os estudos geralmente se restringem aos tipos mais comuns, como mama, cólon, próstata, reto e pulmão.

No Brasil esse cenário ainda é muito precário, carecendo tanto de estudos na área, como de profissionais preparados e cursos de capacitação relacionados. Tentando reverter esse quadro e objetivando aproximar o público brasileiro das evidências científicas, o INCA (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva) em parceria com a SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica) e a SBAFS (Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde), entidades referência tanto em oncologia como em atividade física, elaboraram, no ano de 2022, uma espécie de guia com recomendações para prevenção e controle do câncer através da atividade física.

Promover a prática de atividade física como um hábito, ou seja, para ser incorporada na rotina das pessoas, é fundamental na prevenção e controle do câncer, assim como para a saúde de uma forma geral.

Nesse contexto, o documento traz algumas dicas valiosas para quem deseja utilizar a atividade física como ferramenta de prevenção, não só do câncer, como de outras diversas enfermidades, além de melhorar significativamente a qualidade de vida.

  1. Primeiro, defina seu grau de condicionamento físico e a partir disto, escolha em qual intensidade irá iniciar a sua atividade;
  2. Comece com menor duração (tempo) e intensidade (esforço) e vá aumentando progressivamente, respeitando a adaptação do corpo à atividade física. É importante para a manutenção da prática;
  3. Quanto maior a quantidade de atividade física praticada, maiores os benefícios para a prevenção;
  4. No geral, a atividade física é segura, porém é importante se atentar a sinais como dores, tonturas, náuseas ou outros desconfortos, principalmente se houver alguma doença crônica ou outra condição de saúde que requer atenção. Recomenda-se a procura de um profissional de saúde para prática supervisionada.

Outro ponto é sobre a intensidade. Qualquer nível de atividade física pode ser decisivo, até mesmo aquele que realizamos nas tarefas rotineiras, em casa ou no trabalho.

O guia recomenda de 75 a 150 minutos semanais de atividade, variando de intensidade moderada ou intensa. Os parâmetros variam conforme sua idade e seu condicionamento, o importante é se manter ativo pela maior parte do tempo respeitando seus limites e seu estilo de vida.

São inúmeras as possibilidades para a prática de exercícios físicos, sejam atividades ao ar livre, deslocamentos no dia a dia, e as sistematizadas como musculação e ginástica. Experimentar e encontrar a atividade física que mais se adequa a sua realidade é essencial, pode ser praticada de forma individual ou em grupo, com os amigos, familiares, vizinhos ou colegas de trabalho. Resumindo, todo movimento conta.

Sendo o câncer hoje a segunda maior causa de morte no mundo, se faz necessário um enfoque, tanto do poder público, como também da sociedade em geral para o incentivo a uma atividade física adequada e orientada, pois é clara sua atuação na prevenção, melhorando a qualidade de vida da população e minimizando o gasto para o setor público e principalmente para o próprio praticante.

Se você quiser se aprofundar no tema, recomendamos a leitura do guia, que está disponível gratuitamente no site Recomendações atividade física e câncer

Gostou do conteúdo? No próximo texto iremos abordar como a atividade física pode auxiliar no tratamento oncológico, algumas recomendações e dicas de materiais sobre o assunto

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica – SBOC Atividade Física e Câncer: Recomendações para Prevenção e Controle / Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica – SBOC – São Paulo: SBOC, 2022. Disponível em https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/atividade-fisica-e-cancer-recomendacoes-para-prevencao-e-controle. Acesso em: Dez 2022.

SPINOLA, A. V.; MANZZO, I. de S.; ROCHA, C. M. da. As relações entre exercício físico e atividade física e o câncer. ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 39-48, 2007.

Ewelyse Marques Maggio Sansana

Farmacêutica bioquímica CRF-PR 19829

Voluntária da Equipe Editorial do C.A.P.O. Bezerra de Menezes




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