Uma amiga deu um depoimento muito elucidativo de como a dor e o sofrimento são coisas bem diferentes.
Relatou que por ocasião do Plano Real (1994), ela e o marido possuíam uma construtora. Os negócios estavam indo de vento em popa e, da noite para o dia, eles perderam tudo e ficaram devendo milhares de reais para fornecedores e funcionários. A empresa quebrou.
Eles tinham duas opções: se desesperarem, se revoltarem ou encararem o problema de frente e buscarem a melhor solução.
Optaram por aproveitar a dor e transformá-la em ferramenta de crescimento. Passaram por inúmeras dificuldades, privações, mas não se desesperaram. Reuniram forças e deram a volta por cima.
Uma porta se fecha, muitas outras se abrem. Vida é oportunidade.
Uma outra amiga me revelou que tem dois irmãos separados.
O primeiro, seis meses após a separação, conseguiu se reerguer e voltou a ser o que era antes. Deu a volta por cima.
O outro, diante da dor da separação, optou pelo sofrimento e após 17 anos do ocorrido ainda se encontra deprimido.
A pior das mortes é o que morre dentro de nós enquanto vivemos. Tornou-se um morto vivo, um autômato, um zumbi. Morreu por dentro, não sente mais vontade de viver e aguarda o fim “definitivo”.
Pense num casal que se separou depois de alguns anos juntos. Imagine que um deles sente uma dor terrível no início. É normal? Sim, a dor da separação é natural, é esperada. A dor, vem e vai, ela tem um movimento fluido, ela passa. Depois de alguns anos, se essa “dor” ainda persiste, na verdade não é mais dor, é “sofrimento”, ou seja, uma dor “arrastada”.
Conheci um casal que perdeu um filho num acidente. Até hoje não se recuperaram. Sofrem dia e noite, num tormento sem fim. Se revoltaram, não aceitam a perda e se colocam na condição de vítimas da vida.
Outro casal que passou pela mesma perda, decidiu ajudar crianças órfãs e pobres. Encontraram na renovação espiritual o suporte para viver com alegria.
As perdas, todas elas, umas mais outras menos, costumam nos trazer grandes sofrimentos, mas não irremediáveis.
Dor e sofrimento são coisas diferentes.
A dor faz parte da vida, não há como evitá-la. O sofrimento, não. O sofrimento pode ser diminuído e até evitado. Vai depender de nós.

Existem maneiras de atenuarmos e evitarmos o sofrimento, trabalhando com nossos pensamentos e emoções.
O sofrimento é como se fosse uma dor crônica, não tratada, não cuidada, negligenciada.
A dor física anuncia que algo em nós não vai bem e precisa ser tratado.
A dor não é castigo: é contingência inerente à vida, cuja atuação enobrece o espírito.
O sofrimento é um conceito mais abrangente e complexo do que a dor: “em se tratando de uma doença, é o sentimento de angústia, vulnerabilidade, perda de controle e ameaça à integridade do eu. Pode existir dor sem sofrimento e sofrimento sem dor. O sofrimento, sendo mais vasto, é existencial. Ele inclui as dimensões psíquicas, psicológicas, sociais e espirituais do ser humano”.
A simples reflexão sobre a dor e o sofrimento basta para evidenciar que eles têm uma razão de ser muito profunda:
A dor é um alerta da natureza, que anuncia algum mal que está nos atingindo e que precisamos enfrentar. Se não fosse a dor sucumbiríamos a muitas doenças sem sequer nos dar conta do perigo.
“O sofrimento é inerente ao estado de imperfeição, mas atenua-se com o progresso e desaparece quando o Espírito vence a matéria”.
“O sofrimento é um meio poderoso de educação para as Almas, pois desenvolve a sensibilidade, que já é, por si mesma, um acréscimo de vida”.
“O sofrimento é o misterioso operário que trabalha nas profundezas de nossa alma, e trabalha por nossa elevação”.
“Em todo o universo o sofrimento é sobretudo um meio educativo e purificador”.
“O primeiro juiz enviado por Deus é o sofrimento, que procura despertar a consciência adormecida”.
“É apelo à ascensão. Sem ele seria difícil acordar a consciência para a realidade superior. Aguilhão benéfico, o sofrimento evita-nos a precipitação nos despenhadeiros do mal, auxilia-nos a prosseguir entre as margens do caminho, mantendo-nos a correção necessária ao êxito do plano redentor”.
(Equipe Feb, 1995)
Allan Kardec, no cap. VI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, diz-nos que todos os sofrimentos, misérias, decepções, dores físicas, perda de entes queridos encontram sua consolação na fé no futuro, na confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Naquele que não crê na vida futura as aflições se abatem com todo o seu peso, e nenhuma esperança vem suavizar-lhe a amargura. O jugo será leve desde que obedeçamos à lei. Mas, que lei? A lei áurea deixada por Jesus: “Fazer aos outros o que gostaríamos que nos fosse feito”. Praticando-a, vamos atualizando as nossas potencialidades de justiça, amor e caridade, primeiramente com relação a Deus e, secundariamente, com relação a nós mesmos e ao nosso próximo.
Fernando Rossit
Fonte: Kardec Rio Preto
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