Programa de Saúde
O apóstolo Paulo, com admirável acuidade psicológica, advertiu:
Não vos enganeis. As más companhias corrompem os bons costumes.
E, certamente perturbam o sistema emocional, contribuindo para distúrbios variados na organização fisiopsíquica de quem as cultiva.
Sendo a mente a fonte de onde procedem as más conversações, ela exterioriza, simultaneamente, ondas de animosidade, que desarmonizam os equipamentos sensíveis pelos quais se manifestam.
As altas cargas genéticas negativas, pelo suceder da ocorrência, desajustam os controles nervosos, gerando distonias da percepção, que passa a identificar somente o lado negativo das pessoas e coisas, com o qual sintoniza.
O vício mental das conversações vulgares, licenciosas, enseja desequilíbrio na área da saúde, e fixações mentais, que facultam a produção irregular de substâncias componentes da digestão, bem como exagerada secreção biliar… Ao mesmo tempo, alteram o humor, favorecendo o pessimismo, o derrotismo e a depressão.
A proposta da terapia do amor restabelece, como ponto de partida, a preservação ético-moral do indivíduo perante si mesmo, com a consequente valorização das suas capacidades de discernimento e de ação.
Discernimento sobre o que deve e pode fazer, não se permitindo eleger o que agrada, mas não deve, ou aquilo que deve, porém não convém executar.
Imediatamente após a descoberta de como proceder, passar à atividade tranquila, sem os choques da emoção descontrolada.
Posteriormente, examinar os recursos para a preservação da sua realidade (como indivíduo eterno), resguardando o corpo das altas tensões e sensações desgastantes, das emoções violentas, a fim de que o mesmo possa preencher a finalidade da reencarnação do Espírito, para a qual foi elaborado.
Nesse cometimento, são relevantes os cuidados com a conduta mental e moral, poupando-se das descargas contínuas dos desejos infrenes, superando, mesmo que a pouco e pouco, os impulsos inferiores, enquanto disciplina a vontade por meio dos exercícios de paciência e de perseverança.
Descortina-se, então, nessa paisagem terapêutica, o autoamor profundo, com objetivos amplos de estendê-lo ao próximo através de serviços imediatos, construindo a sociedade saudável e feliz.
Assim, preservar o corpo do uso de alcoólicos e das intoxicações pelo tabaco, bem como por quaisquer outras drogas alucinógenas, aditivas, prolongando-lhe a existência.

Ao mesmo tempo, evitar sobrecarregá-lo de alimentos pesados e gordurosos, de assimilação e digestão difíceis, de modo a facultar-lhe reações automáticas equilibradas.
É claro que a contribuição mental faz-se relevante, por daí procederem as ordens de comando e as diretrizes de comportamento, conseguindo-se a harmonia entre o pensamento e a ação.
Pensar de maneira salutar é compromisso valioso para gerar otimismo e paz, iniciando o programa das ações corretas que dão nascimento aos hábitos responsáveis pela segunda natureza do ser, isto é, uma outra natureza interpenetrada na própria natureza.
Desse modo procedendo, as horas de ação se tornarão agradáveis, sem os excessos do cansaço ou a presença da irritação, e as de repouso se farão assinalar pela tranquilidade, que recompõe as despesas dos momentos de vigília.
Tudo quanto se tenha de fazer, pensar antes, delineando um programa cuidadoso, no qual o improviso não tenha lugar, nem tampouco o arrependimento tardio.
Quem se equipa de cuidados, erra menos. Quem estabelece roteiros e segue-os, acerta mais.
Tal programação estatuirá a necessidade de pensar com retidão, mesmo quando as circunstâncias e pessoas sugiram outra forma, imediatista e infeliz, portanto favorecedora da consciência de culpa.
Cultivar a confiança e a alegria no trato com os demais membros da sociedade – iniciando no lar — embora as defecções morais e os embates traiçoeiros do momento, a que todos estão sujeitos.
Irradiar simpatia e esperança, produzindo uma aura de paz que alenta e agrada a todos.
Usar a conversação como elemento catalisador de novas ideias de enobrecimento e de ventura, que estimulam a criatividade, a coragem, a perseverança no bem.
Banir, quanto possível, do comportamento, a crítica ácida e destrutiva, os conceitos chulos quão irresponsáveis, as diatribes e os verbetes sarcásticos, que envenenam o coração e enfermam a alma, transferindo-se pelos condutos do períspirito para o corpo, em delicadas como complexas patologias orgânicas…
Respeitar e, ao mesmo tempo, conduzir o corpo com moderação em quaisquer eventos, poupando-o aos costumes promíscuos, bem como a os relacionamentos sexuais e afetivos perturbadores, ora muito em voga.
Manter os requisitos da higiene, superando os imperativos da preguiça mental e física, assim criando e preservando os hábitos sadios.
Recorrer à oração, qual sedento no rumo da Fonte Vitalizadora, sustentando o Espírito e refrigerando-se na paz.
Meditar em silêncio, a fim de absorver a resposta divina e capacitar-se dos conteúdos da inspiração para alcançar as metas essenciais da existência.
Preservar a paz, mesmo que a alto preço, estimulando-a em todos quantos o cerquem.
A verdadeira saúde não se restringe apenas à harmonia e ao funcionamento dos órgãos, possuindo maior extensão, que abrange a serenidade íntima, o equilíbrio emocional e as aspirações estéticas, artísticas, culturais, religiosas.
Pode-se estar pleno, embora com alguma dificuldade orgânica – que será reparada do interior (mediante a ação mental bem direcionada) para o exterior (o reequilíbrio, a restauração das células e do órgão afetado) -, como encontrar-se em ordem, porém, sem equilíbrio emocional.
Assim, pensar bem e corretamente permanece como primeiro item de um bem estruturado programa de saúde, a fim de que as palavras, na conversação, não corrompam oscostumes, ensejando ações estimulantes e edificadoras para o bem geral.
Joanna de Angelis / Divaldo Franco
Livro: Autodescobrimento: Uma Busca Interior