Aquilo que parece injustiça é, na realidade, uma oportunidade de fortalecimento para que as dores e os sofrimentos sejam suportados com maior grandeza pelo espírito.
Algumas doenças, como o câncer e os males da infância, que muitas vezes nos fazem duvidar da fé e perguntar o ‘porquê’ de tanto sofrimento para tal paciente, tem também suas explicações.
Podemos dizer que o câncer é como uma tentativa de reequilíbrio, como se fosse um aviso e um pedido de tempo a quem não soube elaborar as emoções da vida e, em muitos casos, achou que daria conta de tudo. Uma doença pode ter um significado muito maior do que se imagina. É assim, visto como uma oportunidade de rever e avaliar a vida, que muitos males são interpretados à luz do espiritismo.
“Em que momento a gente começa a adoecer?”, questiona a psicóloga clínica e espírita Letícia Talarico, que fez parte de grupos de tratamento a pacientes com câncer, da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais. A pergunta é, segundo ela, o pontapé inicial para essa discussão. Dentro de uma mudança de clima, podemos gripar, mas, “se estivermos mal emocionalmente, a gripe, que seria simples, piora”.

E, ao contrário do que se pensa sobre o câncer, mal que, segundo o Instituto Nacional do Câncer, atinge milhares de brasileiros todos os anos, é visto pelo conhecimento espírita, conforme a especialista, como uma tentativa de reequilíbrio. “Quando chega uma nova paciente para o nosso grupo de tratamento, dizemos: lá vem outra mulher maravilha. Geralmente, as mulheres que sofrem de câncer, durante muito tempo de suas vidas, acharam que davam conta de tudo e não conseguiram elaborar as emoções da vida”, diz. Ela exemplifica, contando o caso de uma paciente que se casou com um homem muito difícil de lidar. “Mesmo sabendo isso, ela foi passando a ideia de que dava conta de tudo. Passou por cima de si mesma. Veio o câncer e fez o contrário, colocou o marido para cuidar dela”, conta.
Muitas vezes na vida, segundo Letícia, vamos vivendo as emoções fortes sem dar nome a elas. “Em vez de colocá-las para fora, vamos guardando-as e deixando-as passar”, diz, lembrando que isso ocorre muito com os homens, que guardaram muita tensão ao longo da vida e não a colocaram para fora, até o câncer lhe chamar a atenção para a vida. “O câncer é um alarme e um convite para rever a vida. E é uma doença que une as famílias. É um retorno à casa do Pai”, define a psicóloga.
Pode ser aproveitado para o início de uma real mudança de atitude perante a maneira de encarar a vida. Olhando a vida sob a perspectiva do espírito imortal, passamos a ver esta encarnação como um breve período de tempo onde podemos resgatar débitos do passado e limpar nosso espírito deixando-o mais leve e bonito. A doença pode ser considerada como um tratamento de beleza para a alma.
Equipe editorial do CAPO Dr. Bezerra de Menezes
LETÍCIA TALARICO
Psicóloga
Pós-graduação em “Clínica, Psicanálise e Educação”
Mestrado em “Psicanálise e Literatura”
Trabalhou como Psicóloga no Hospital Espírita André Luiz, onde atuou em Grupos Terapêuticos e no atendimento aos pacientes e seus familiares.
Formação em Constelação Familiar Sistêmica
Membro da Associação Médico Espírita de Goiás
Coordenou o grupo de Pacientes com Câncer da Associação Médico Espírita de Minas Gerais
Palestrante no 2º Simpósio Saúde a Perfeita Harmonia da Alma promovido pelo Centro de Apoio a Paciente Oncológicos Dr. Bezerra de Menezes em Curitiba