Considerações Sobre a Experiência de Viver um Câncer

CÂNCER: QUEM ESTÁ PREPARADO?

Dados a observar:

Um estudo do INCA (Instituto Nacional de Câncer) de 2015, estimou para o Brasil a ocorrência de cerca de 600 mil novos casos de câncer no biênio 2016-2017.
(2015 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva/ Ministério da Saúde – INCA/RJ)

A vivência de um câncer é considerada uma experiência de forte impacto psicológico para os doentes e suas famílias. Mobiliza sentimentos de profundo sofrimento em qualquer um de seus estágios. Independente da etapa vivida pelo paciente, surgirão necessidades de cuidados, procedimentos, condutas e rotinas terapêuticas. Tais procedimentos, por mais que sejam para reestabelecer a sua saúde e qualidade de vida, são recebidos com sentimentos de invasão, agressão e ameaça, aumentando a vulnerabilidade e a fragilidade deste paciente.
Logo, este contexto é um processo desestruturador que mudará todo o cotidiano da pessoa com câncer, seus familiares e até mesmo afetará seus demais relacionamentos. Serão exigidas mudanças de papéis, busca de estratégias de enfrentamento, alterações de posturas e atitudes, como comportamentos que antes eram rotineiros e que também precisarão ser modificados, ocasionando um longo período de adaptação.

O QUE ESTÁ ALÉM DESTE IMPACTO?
O medo da morte e do inesperado é o sentimento mais evidente. A possibilidade da finitude real, vivência do luto em vida e factibilidade da morte são questões incisivas nos pensamentos do paciente e da família. Surgem questionamentos sobre o tempo e o sentido da vida: “Por que comigo? “, “Por que em minha família? “.
Tanto os pacientes quanto os envolvidos perpassam por sentimentos como: incertezas, ansiedade, depressão, medo da dor e de como lidar com a dor do ente querido, o medo da separação física, insegurança em como se apresentar socialmente, julgamentos alheios, veracidade do diagnóstico, incredulidade e incapacidade de processar informações.
Todos acabam se envolvendo num rápido processo de aprendizado e de construção de uma rede de relações com profissionais e num contexto de pessoas envolvidas em buscas de alternativas e soluções. Outras questões também pairam neste momento como a de lidar com um ambiente desconhecido, o contato e a intimidade forçados com pessoas estranhas, etc.

A ESCOLHA DE UM CAMINHO…
Deve-se buscar ferramentas emocionais para administrar a nova situação que se apresenta. É importante exercitar a possibilidade de se expressar e vivenciar as dores e emoções ao longo do tratamento com a ajuda terapêutica. Esta ajuda fornecerá aos envolvidos e ao paciente os recursos necessários para suportar melhor o impacto e os sentimentos deste novo aprendizado. Também é essencial agregar os demais recursos que vão além das práticas convencionais com a equipe multidisciplinar, através de alternativas para apoio emocional, físico e social, visando tornar o percurso mais leve. Alguns exemplos são as terapias holísticas, instituições religiosas, grupos de apoio, terapias ocupacionais, entre outros, que lhe prestarão assistência deste momento em diante.

O QUE FAZ O CAMINHO É O CAMINHAR….
O choque provocado pela situação que envolve o paciente oncológico, seus familiares e amigos pode, apesar de tudo, trazer experiências positivas para todos. Esta crise traz consigo o questionamento e a percepção da vida por uma nova ótica, sobre todas as suas possibilidades.
Pergunta-se: “Qual o sentido da minha vida? “, “O que eu tenho feito dela? “, “Como a tenho vivido?”, “O que e quem é realmente importante para mim?”.
Através destes questionamentos nos deparamos com novas formas de pensar e agir daqui para frente, reeditando todo o novo caminho a seguir. Nos mostra os valores reais, os que realmente importam para nós.
Não temos todo o controle sobre quais acontecimentos vamos viver, mas podemos decidir nossas ações em como lidar com estes acontecimentos.
A decisão de que podemos lidar com eles de forma assertiva, dando nosso melhor, de enfrentá-los com fé e confiança, nos trará a grandeza de viver uma vida que vale a pena ser vivida, receberemos as benesses do crescimento espiritual e compartilharemos a vida com as pessoas que amamos e nos ajudam de uma forma equilibrada e amorosa.
Podemos escolher como viver.

… “Pode-se tirar tudo de um homem exceto uma coisa: a última das liberdades humanas – escolher a própria atitude em qualquer circunstância, escolher o próprio caminho”…


“Quando não podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos”.

Viktor Frankl

Giselle Martins
Psicóloga- CRP 15939/PR

Voluntária do C.A.P.O. Dr. Bezerra de Menezes

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